quinta-feira, 10 de julho de 2014

Goleadas vexatórias muito além do gramado...

O inexplicável resultado do jogo de 7 x 1 sofrido pela seleção brasileira, que sucumbiu diante de uma Alemanha impiedosa, desmontou, ou melhor, estilhaçou um dos pouquíssimos orgulhos do brasileiro. O massacre alemão desbaratou nosso futebol, jogou por terra o pão e circo promovidos pelas autoridades em tempos de tensão. Foi um duro golpe para os mais apaixonados, mas para o governo foi um desastre...

A Copa do Mundo, que sempre fez pulsar mais acelerado o coração dos brasileiros, não conseguiu fazê-lo desta vez, pelo menos para a maioria. Os desmandos do governo, que se esbalda na corrupção, acabaram por desestimular nossa nação, que testemunhou atônita um gasto de 34 bilhões de reais para a realização de um evento de um mês, que viu a construção de estádios de altíssima qualidade e modernidade, que jamais serão usados novamente enquanto o básico, saúde e educação, permanecem sucateados.

O clima era pesado, mas a magia da bola rolando arrefeceu os ânimos dos mais exaltados e selou uma "tregua" entre população e governo, que desejava tanto o início da competição para aplacar as críticas e manifestações quanto os jogadores brasileiros em campo desejavam, agonizantes, o final do jogo para acabar com a tortura imposta pelos germânicos.

O velho ditado diz "há males que vem para bem". É verdade. Se a seleção brasileira lograsse êxito e ganhasse a Copa, certamente isso serviria como uma anestesia do governo para o povo, que ludibriado pela conquista no esporte bretão, poderia se deixar levar pelo "oba-oba" e manter esse governo patético e corrupto por mais tempo no poder.

Não que agora o povo tomará consciência (quem me dera), mas pelo menos este artifício não poderá ser utilizado pelo governo e isso já é alguma coisa.

Tristeza profunda não deveria surgir nos brasileiros por causa de uma derrota acachapante de sua seleção nacional, mas de ver o país abandonado pelas autoridades, isso sim deveria mexer com os brasileiros. Triste não é este resultado avassalador, mas saber que o futebol é a única alegria de muitas pessoas. Isso sim é triste. A alegria de uma pessoa deveria ser em estar bem assentada, vivendo com dignidade, tendo saúde e educação de qualidade disponível bem como um transporte público eficiente, com um governo justo e honesto, e não do futebol, que em nada interfere em seu cotidiano. No dia seguinte às derrotas, vexatórias ou não, os jogadores (quando sentem a derrota) se consolam em suas mansões, acordam tarde e têm tempo para se recuperar. Entretanto o brasileiro comum precisará acordar de madrugada e partir para mais um dia de luta. Essa é a verdade, a realidade deste não muda, continua massacrante.

A goleada de 7 x 1 não é mais vergonhosa para o Brasil quanto os números a seguir:

Prêmio Nobel - Brasil 0 x 102 Alemanha;
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) - Brasil 85º lugar x 5º lugar da Alemanha;
Educação - Brasil 36º x 6º Alemanha;
Alfabetização - Brasil  95º lugar x 19º lugar da Alemanha;
Corrupção - Brasil 69º x 15º para Alemanha.


Como se pode ver, há mais do que se envergonhar do que a surra levada nas semifinais da Copa.

MB

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