quinta-feira, 1 de maio de 2014

Admissão de erro: missão quase impossível.

Certa vez estava relaxado em minha sala escolhendo o que assistir na TV fechada que, diferentemente da TV aberta, proporciona-nos muito mais canais para mudar. Então parei em um destes que exibe documentários e coisas do tipo.

O programa que estava em exibição era investigativo, formado por um grupo de pesquisadores e estudiosos que, por meio de seu ceticismo, investigava casos de aparições de OVNI (Objeto Voador Não Identificado). 

Em uma determinada cidade, aqui na América Latina, eles coletaram os depoimentos das testemunhas, desenharam o que elas viram e foram até o local onde as pessoas afirmaram terem avistado uma suposta nave.

Ao chegarem ao local onde as testemunhas estavam e olharem para onde elas disseram ter visto o OVNI, os investigadores perceberam que no alto do morro a qual a suposta nave sobrevoou havia uma construção.

Intrigados, foram até o alto do morro longínquo para ver de perto aquela construção e ao chegar puderam ver que se tratava de um templo cuja arquitetura era moderna e em nada lembrava os tradicionais templos religiosos. O templo, com pouco tempo de inaugurado, tinha um formato oval, não possuía segundo piso e havia luminárias bem grandes em seu entorno pela parte de dentro.

Convencidos de que tal nave era nada mais que o templo iluminado, os investigadores pediram ao zelador que ligasse as lâmpadas na hora exata em que as testemunhas disseram ter avistado o OVNI.

Desta forma, investigadores e testemunhas aguardaram dar a hora e se dirigiram para o local do avistamento. No momento certo, um dos investigadores contatou o zelador e solicitou que as lâmpadas fossem acesas, e assim foi feito. Naquele instante todos puderam contemplar que o templo reproduzia com grande perfeição a visão que as testemunhas afirmavam ser um OVNI. Assim, os investigadores disseram pra elas que o que tinham visto era o templo iluminado e não uma nave.

Das 2 testemunhas, uma reconheceu que poderia se confundir, mas ainda afirmava que tinha visto um OVNI. A outra, porém, relutou veementemente e disse que tinha sim visto um OVNI, o templo não era o que ela tinha visto. Mesmo mostrando o desenho e comparando com o templo, a testemunha não se convenceu.

Bem, tudo ocorreu à noite, o ambiente estava propício ao erro, pois a visão humana é péssima no escuro. Outra coisa que influenciou é que o local onde tais testemunhas moram é conhecido por aparições desta natureza, o que as levou a crer que efetivamente aquilo se tratava de um OVNI, afinal, "se outros viram por que eu também não poderia ver?".

O que fica claro nesta situação é que, por mais que você mostre evidências do erro de percepção das pessoas, elas ainda assim relutam em admitir, é muito difícil você ver sua crença ser desarticulada por evidências empíricas, ainda mais quando se ganha notoriedade com tal crença (as testemunhas eram conhecidas pelos seus concidadãos). 

No fim, os investigadores se despediram das pessoas e foram embora certos de que tal aparição não existiu, pois eles sabem o quanto somos traídos por nossos sentidos. Eles sabem também que é muito natural do ser humano não admitir o erro, há uma defensividade bem característica do ser humano em rebater sobre o próprio erro.

Já as testemunhas, embaraçadas, só puderam reafirmar que viram sim um OVNI, afinal, é mais cômodo manter a fé em si mesmas e no que acharam que viram do que ter que jogar por terra suas convicções e ter que adotar uma nova postura, bem mais esclarecida, mais lógica e mais racional.

Qualquer semelhança com crenças e religiões não é mera coincidência...

Até mais!

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